A fruta que é a razão de existir da Festa Nacional da Uva ganha ainda mais destaque na edição de 2019, que iniciou dia 22 de fevereiro e segue até 10 de março, no Parque Mario Bernardino Ramos, em Caxias do Sul (RS). Pensando em valorizar os produtores rurais de Caxias do Sul, que dedicam a vida ao cultivo e colheita da uva e resgatar a essência da Festa que celebra a colheita, uma exposição fotográfica, assinada pelo renomado João Farkas, vai brindar os visitantes junto ao Pavilhão Nostra Itàlia. Ao todo, 11 famílias integram a mostra, apresentando um pouco da sua história e relação com o cultivo da uva de diferentes variedades.
Conhecido por seu trabalho visceral e repleto de referências ao retratar pessoas em diversas regiões do país, o fotógrafo João Farkas buscou destacar a força e a beleza do trabalho realizado por homens e mulheres no interior do município. “Quando fui convidado para fazer este trabalho, não fazia ideia da dimensão que a Festa tinha para a região e nem da imensa riqueza humana e cultural ligadas às tradições do plantio e do cultivo da uva”, afirma.
O trabalho foi realizado em viagens para a Serra, onde Farkas estreitou sua relação com as famílias retratadas. “São costumes, maneiras de falar e se vestir, crenças e formas de trabalho e de convivência que me fascinaram e que estão expostas nestes painéis”, diz. Para ele, os registros são uma celebração a quem se dedica à estrela do evento. “As fotos trazem a beleza, a poesia e a intensidade de quem vive no campo. Quando olhamos a fruta ou bebemos o suco ou vinho, esquecemos da mão calejada que tanto fez para esse resultado ser satisfatório”, completa.
As imagens poderão ser contempladas durante todo o evento, de segunda a quinta-feira, das 11h às 22h, e nas sextas, sábados e domingos, das 11h à 1h, no Pavilhão Nostra Itàlia.
Sobre João Farkas
Graduado em filosofia pela Universidade de São Paulo, é fotógrafo profissional desde 1979, com especialização na School of Visual Arts e no International Center of Photography de Nova York (1980-1981). Foi fotógrafo correspondente das revistas Veja e Isto É (1980-1981) e editor de fotografia da revista Isto É (1981-1985). Realizou a fotografia de cena do longa-metragem O Homem que Virou Suco (1981). Atua como fotógrafo independente e desenvolve projetos de expressão pessoal, como os ensaios sobre o litoral sul da Bahia e a ocupação da Amazônia. Ganhou o prêmio Abaeté (1987) e a Bolsa Vitae de Artes/Fotografia (1987). É um nome fixo no acervo do Maison Européenne de la Photographie, em Paris, um dos mais importantes museus de fotografia do mundo.
Sobre as famílias e as variedades de uvas que cultivam:
Família Zanette – Bordô:
A família Zanette produz uvas há mais de 70 anos na propriedade localizada em São Gotardo, no Distrito de Vila Seca, no interior de Caxias do Sul. Filho de Francisco Ballardim Zanette, 78 anos, e de Zulmira Calgaro Zanette, 74, o produtor rural Nei Carlos Zanette, 52, mora na localidade com a esposa Mariza Buffon Zanette, 54, e os filhos Kelin Zanette, 28, Aline Zanette, 26, e Gian Carlos Zanette, 23. São 76 hectares, dos quais sete são de parreirais, onde produzem a variedade Bordô. A fruta é vendida para vinícolas do município de Andradas, em Minas Gerais. A exposição da fruta na Festa da Uva é uma tradição familiar que ocorre há mais de vinte anos.
Família Debastiani - Isabel:
Filha de Nelson Giazzon, 78 anos, e Helena Trentin Giazzon, 73, a produtora Sílvia Giazzon Debastiani, 51, vive em Santa Justina, no interior de Caxias do Sul, com o esposo Floresmir José Debastiani, 57, e os filhos, César Debastiani, 28, e Douglas Debastiani, 12. A propriedade da família conta com seis hectares, sendo 4,8 são destinados ao plantio de uva. No local são produzidas, há mais de 40 anos, as variedades Isabel, Bordô, Niágara Branca e Niágara Rosa. As frutas são vendidas para cantinas e vinícolas para produção de sucos e vinhos. A família expõe a fruta na Festa da Uva há várias edições, mas desta vez a exposição ficou por conta de Sílvia, a pedido do esposo, para valorizar ainda mais a produção familiar.
Família Scopel – Niágara Branca
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José Laurindo Scopel, 57 anos, é casado com Rita Brambatti Scopel, 61, e pai de Giseli, 35, Tiago, 33, e Adriano, 29. Ele conta com a ajuda do filho Tiago para cuidar da propriedade de 29 hectares em Aparecida, no distrito de Vila Seca. São 11 hectares de parreirais onde produzem, desde o tempo do avô de José, uvas das variedades Bordô, Niágara Branca e Rosa, Isabel e Lorena. As frutas são vendidas para consumo in natura e para cantinas. A família expõe frutas na Festa Nacional da Uva há mais de vinte anos.
Família Boff – Niágara Rosada:
Itacir Pasqual Boff, 62 anos, Adiles Debastiani Boff, 60, e os filhos Ismael e Izaías Boff, convivem com a produção de uvas há muitos anos. A propriedade da Família Boff fica em São Martinho, na localidade de Forqueta. São 25 hectares no total e aproximadamente 12 deles dedicados aos parreirais, onde são produzidas as uvas Bordô, Niágara Rosa, Niágara Branca, Itália, Rubi e Afonso l'valet, com toda a produção destinada às vinícolas.
Família Giacomin – Lorena:
João Giacomin, 72, é casado com Leda Verona Giacomin, 72, e pai de José Carlos, 49, Eduardo, 46, Marcos, 44, e Cristiano, 37. Ele tem contato com a produção de uvas desde os sete anos, quando acompanhava o pai na propriedade rural da família, localizada em Monte Bérico, na 9º Légua. A família produz as variedades Lorena, Niágara Rosa, Niágara Branca, Bordô, Isabel e Moscato Embrapa. A propriedade tem 11,6 hectares, dos quais sete são destinados à plantação de uva, comercializada junto às vinícolas.
Família Bertotti - Moscato Embrapa: Luiz Bertotti (in memorian) e a esposa Wilma Maria Argenta Bertotti, 86 anos, começaram o plantio de uvas há mais de 70 anos. Ao se casarem, tiveram os filhos Ivone, 62, Ivo, 61, Itacir, 58, Ivanor, 57, Ilca, 52, e Irineu, 51. Destes, Ivo e Irineu ainda vivem na propriedade, que fica em São Virgílio da 2ª Légua, em Forqueta. Eles cultivam duas variedades de frutas: Bordô e Moscato. São 27,5 hectares e destes 4,7 hectares são destinados à produção de uva, que é vendida para diversas cantinas. A família tem orgulho de expor a fruta na Festa Nacional da Uva há mais de 20 anos.
Família Pagliosa - Moscato Giallo
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Há mais de 70 anos, a família Pagliosa produz uvas na propriedade rural localizada em São Pedro da 3º Légua. Residem na área de 22 hectares, o produtor rural Leandro André Pagliosa, 51 anos, a esposa Patrícia Sartori Pagliosa, 48, e os filhos Letícia Sartori Pagliosa, 17, e Mauricio Sartori Pagliosa, 13. Em oito hectares de parreiras, Pagliosa produz as variedades Moscato Giallo, Bordô, Niágara Branca, Niágara Rosa e Isabel. A produção é destinada à vinícola da família, que fica na propriedade.
Família Zangalli - Cabernet Sauvignon:
Na propriedade, que fica em Loreto na 2ª Légua, em Forqueta, moram Luis José Zangalli, 62, Rosa Zangalli, 64, os filhos Rodrigo Zangalli, 36, e Fernando Zangalli, 34, as noras Marlene Dalla Rosa, 34, e Cristiane Frosi, 33, e as netas Júlia, de um ano, e Luíza, de nove meses. A família trabalha unida na produção de uva e nas demais tarefas da propriedade. São 69 hectares, sendo que 11 são de parreiras, onde os Zangalli cultivam uva há mais de 60 anos. São produzidas as variedades Bordô, Isabel, Niágara Branca, Niágara Rosada, de mesa Itália e Rubi, Moscato Branco e Chardonnay. A maior parte da produção é vendida para a indústria para consumo in natura e produção de suco, vinhos e espumantes.
Família Longo – Merlot
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Alcides Longo, 79 anos, casou com Adiles Longo, 69, com que teve os filhos Simone, 43, Daniel, 38, e Samuel, 33. Longo vive na propriedade rural em São Virgílio da 2ª Légua com a esposa, o filho Daniel, que também é produtor, a nora Valéria, 33, e o neto Arthur, 11. A família expõe uvas durante a Festa da Uva desde a década de 60 e participou de todas as edições desde então. São 30 hectares de área, sendo que cinco são destinados à produção de uva. Eles cultivam Merlot, Cabernet Sauvignon, Bordô, Violeta e Tannat, com a produção destinada às vinícolas da região e também para produção própria de vinho.
Família Venturin – Itália:
A família Venturin produz uvas desde que os primeiros imigrantes italianos chegaram à propriedade em Monte Bérico, na 9ª Légua, por volta de 1900. Moram na localidade Euclides Venturin, 72, Vila Venturin, 69, Charles Venturin, 45, e Maicon Venturin, 36. Eles produzem as variedades Itália, Niágara Rosa, Isabel, Bordô, Lorena e Isis. São 26 hectares, sendo sete com parreiras e três com área coberta. Metade da produção das uvas finas de mesa é para o atacado e os outros 50% para o varejo. Das demais variedades, 90% são vendidas às vinícolas e 10% para consumo próprio. A família participa da exposição da fruta na Festa da Uva desde 1972.
Família Mazzochi – Rubi:
Valdir Mazzochi, 56 anos, Marlena Mazzochi, 56, e os filhos Luiz Henrique Mazzochi, 26, João Vítor Mazzochi, 23, e Marco Antônio, 18, moram em São Brás de Ana Rech. Valdir tem contato com a produção de uvas desde pequeno, quando acompanhava os pais no cultivo. Na propriedade de cinco hectares, onde dois são de parreiras, produzem Itália, Rubi, Ribol, Niágara e Bananinha. Parte da produção é vendida para vinícolas de Caxias do Sul e região serrana, mas as frutas também vão para Porto Alegre e Santa Catarina. A família expõe uva na Festa há dez anos e também participou dos desfiles em diversas edições.